SANHA
Vendendo os sonhos,
vendendo ilusões,
trocando de lado,
forjando emoções.
Correndo sem pista,
vivendo sem lei,
comprando à vista,
pagando... não sei.
Levando trombada,
fingindo de morto,
saltando lombada,
dormindo no porto.
Pedindo socorro,
a quem encontrar,
no beco, no morro,
na porta de um bar.
Tecendo a noite
na palma da mão,
levando açoite
de algum rufião.
Buscando a sorte
no jogo, no sexo,
flertando co'a morte
vivendo sem nexo.
Perdido no escuro
de alguma viela,
detrás de algum muro
à luz de uma vela.
Pedaço imundo
da periferia,
cruel submundo,
ninguém desconfia.
Vendendo o corpo,
trocando por nada,
buscando conforto
em mísera estrada.
Que vida estranha,
que triste opção!
Que terrível sanha,
sem comparação.
Cícero Alvernaz (autor) 02-11-2015.

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