POETA DESENGONÇADO
Sou um poeta desengonçado,
escrevo, talvez, para pagar meus pecados.
Não sei se miro ou se apenas firo,
não sei se me atiro e depois me viro,
não sei se falo, calo, ou suspiro,
mas sei que muito me admiro.
Sou um poeta às vezes engraçado,
escrevo, muitas vezes, para não perder o embalo.
Não sei ficar inerte como a pedra,
não sei ficar sem olhar pros lados,
por isto sou assim: um poeta desengonçado
que escreve para pagar seus pecados.
Se me leem, se não me leem, que importa?
Ninguém jamais irá bater à minha porta
e me pedir um verso como se fosse comida,
ninguém vai me aplaudir em plena avenida,
ninguém vai me encarar e me chamar de louco,
embora, para mim, ser louco é pouco.
Cícero Alvernaz (autor) 21-03-2016.

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