Fico pensando se as pessoas pudessem assumir o que sentem sem medo das cobranças e do eventual sofrimento. Se as pessoas se deixassem levar pelas emoções do dia a dia, seja como ou onde for. Se as pessoas não se segurassem tanto, não se reprimissem tanto diante da vida, dos fatos, dos desejos muitas vezes contidos em nome da educação, do respeito, da decência e da falsa moral. O que sentimos pode ser contido, mas deveria ser vivenciado e vivido em nome da vida, do amor e do prazer. Ficar sentado choramingando não vai resolver nada. Ficar calado, sofrendo, não vai mudar nada. Ficar olhando só matutando não nos fará conseguir nada. Mas, às vezes nos comportamos assim em nome da sociedade que nos adestrou para isto e exige esta atitude, ou falta de atitude, de nós. E depois nos arrependemos e reclamamos, pois praticamente deixamos a vida passar sem vive-la. Admiro quem abre a boca, fala e se expõe, mesmo correndo o risco de ser repreendido, reprovado e sofrer as consequências. Mas, quantas vezes me calei, fui covarde e deixei de viver com intensidade! O momento passou e não mais voltou. A vida esfriou e o carinho que era meu, provavelmente, outro aproveitou. E hoje não adianta mais me arrepender, nem reclamar.
Cícero Alvernaz (autor), 20-06-2014.
POEMA DA LAVADEIRA
Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.
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