UM PEREGRINO

Perna cortada, unha encravada,
mão enfaixada, bolso sem nada,
pé na estrada, vou sem parada.
Sou peregrino, velho e menino,
vou apressado, desajeitado,
e sem destino.
Ninguém me olha,
ninguém me quer,
vou sem mulher e sem cachorro,
se alguém vier e me encarar,
saio de lado, peço socorro.
Vou pela estrada esburacada,
rumo ao nada vou sem ninguém.
Sou andarilho, sem pai,
sem filho e sem mulher.
Sigo sozinho o meu caminho
cheio de pedras e de espinhos.
Tudo me dói e me corrói, mas eu prossigo.
Não tenho pátria, não tenho amor,
não tenho amigo.
07-09-2022.

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