JÁ SE FOI O TEMPO 

Já se foi o tempo em que o pastor era um senhorzinho de terno riscado, camisa branca meio encardida e uma gravata cinza meio torta enfeitando o seu pescoço e descendo pelo seu peito. Homem quase sem leitura que decorava e repetia palavras de ordem sobre um humilde púlpito de madeira. Era ele o pastor daquela igrejinha do subúrbio naquela rua perdida e sem asfalto onde ele se reunia com algumas dúzias de pessoas igualmente humildes e esperançosas. Já se foi esse tempo e já se perdeu nas dobras do tempo. Hoje, o pastor é o senhor fulano de tal, geralmente formado em direito, com mestrado em teologia, escritor, doutor e empresário. Naquele tempo ninguém ligava pra ele nem se importava com ele, mas hoje os políticos o procuram esperando receber o seu apoio e em troca fazem-lhe altas propostas. Já se foi aquele tempo e hoje estamos num outro tempo, numa outra situação, vivendo uma outra realidade. E muita gente ainda não se acostumou com essa nova realidade. Já não se faz pastores como antigamente!

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