A CONFISSÃO DE UM POETA

Sou poeta já faz tempo, mas sempre tive medo de me assumir, de me aceitar como poeta. Muitas vezes as palavras saltavam da minha mente como cardumes de peixes n'água, eu disfarçava, brigava comigo para não externar algo que eu não queria, pois não sabia o que realmente era. Aquilo me devorava, me instigava, praticamente me obrigava, mas eu, não aceitava. Já passando da meia idade foi que eu resolvi dar uma chance para a poesia. Ainda bem que eu ainda tinha tempo, não era tarde demais para me abrir aos versos e eles cada vez mais fluíam com força e desembaraço. Sei que isto não leva a nada, não dá dinheiro, nem fama, mas é uma prática bonita e muito rara e pura. Acho que nunca ganhei sequer um centavo com poesia, mas, por outro lado, ganhei reconhecimento, algumas amizades, admiradores e, principalmente, a sensação do dever cumprido. Hoje sinto que nada devo à poesia que antes insistia em ser liberada e, por fim, ser lida e amada. (13-11-2021)

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