A BOA VIDA DE UM DOENTINHO

Quando eu era criança e depois adolescente eu gostava de ficar doente. Ficava na cama até tarde, recebia comida na boca, uma sopinha, alguma bolachinha e nem precisava pensar na enxada. Mas a doença não era de mentira, às vezes precisava tomar injeção que o meu pai mesmo aplicava. Nessas horas eu ficava preocupado (até hoje não gosto de injeção, nem de vacina), mas aquilo era só um momento, só uma picadinha como se dizia e depois tudo voltava ao normal. Eu então virava pro canto e dormia de dia e acordava depois com moleza e querendo comer alguma coisa. Era sinal de que o remédio fez efeito. Assim eu era e gostava dessa vida, mas quando eu simulava e alguém notava a coisa ficava feia, às vezes eu apanhava de cinta que naquele tempo se chamava correia. Essa parte eu não gosto de lembrar.
(18-08-2021)

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