CARTAS

Sou do tempo em que se escrevia cartas, mandava cartas e recebia a reposta alguns dias depois. É difícil explicar a emoção que eu sentia quando o carteiro chegava e deixava na caixa do correio aquele envelope recheado demonstrando que no seu interior tinha algo precioso para mim. Eu pegava, olhava o envelope, conferia de quem era a carta, depois me sentava, respirava fundo antes de abrir o envelope com cuidado para não destrui-lo. Aquilo era um ritual que era seguido à risca, respirava fundo e então finalmente eu começava a leitura. Depois que lia, relia, fechava, abria e tornava a ler e então depois eu pensava em responder. Hoje não há mais essa liturgia, essa alegria em receber uma cartinha, por mais simples que ela fosse. Hoje temos a internet, mas não é a mesma coisa, não é tão emocionante e tão pessoal. Guardarei essa lembrança enquanto eu estiver por aqui. (29-12-2020)

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