PELO JEITO, EU ESTAVA COM A RAZÃO
Ninguém nasce escritor, assim como ninguém nasce doutor, pedreiro, professor ou advogado. Assim como acontece com a madeira, somos trabalhados, talhados com o tempo. Nascemos com o dom, mas temos que desperta-lo, temos que acordar o dom que existe em nós. Pensa que é fácil ser escritor? Quantas canetadas, pinceladas temos que dar até aparecer alguma coisa que "de longe" faz lembrar um escritor. Imagino como foi que Drummond começou, ele que é considerado o maior poeta brasileiro de todos os tempos. E os demais? Eu pegava um caderno, já tinha terminado a 4ª série, e ficava rabiscando algumas palavras à luz da lamparina, ou escondido de alguém para não ser incomodado. Depois mostrava pro meu pai (a única pessoa que eu tinha confiança) e ele não dizia nada, apenas balançava a cabeça afirmativamente, mas ele não escrevia nada, apenas me dava uma força. Isto foi ainda na década de 60, começo de 70. Eu rabiscava aquilo muitas vezes "de raiva", eu queria provar pra mim que eu era um futuro escritor. E pelo jeito, eu estava com a razão. (15-08-2020)POEMA DA LAVADEIRA
Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.
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