ENTREI NA FACULDADE
Dizem que para fazer ou realizar qualquer coisa não tem idade. Eu acreditei neste ditado e resolvi entrar na Faculdade. Aos 56 anos - já me disseram que aparento ter bem menos - escolhi o Curso de Letras, prestei vestibular, me classifiquei em primeiro lugar, fiz a matrícula e a partir daí não via a hora de começar as aulas.
No primeiro dia de aula me perguntaram por que eu escolhi Letras. Eu disse que é porque gosto muito de ler, escrever e já trabalho na Educação, portanto tenho contato com muitos professores e eles, de certa forma, me incentivaram e influenciaram na minha escolha. Resposta simples, mas não convincente. Na verdade, nem eu me convenci da resposta. Mas foi o melhor que eu pude dizer. Passadas apenas duas semanas de aulas, eu já começo a sentir os efeitos, e a realidade já começa a pesar. Trabalhar e estudar, até para pessoas mais jovens, é difícil e desgastante. Não dormir quase nada à noite, ler e fazer atividades nos finais de semana, tentar acompanhar as aulas cada vez mais dinâmicas e estudar Inglês, matéria que eu nunca estudei, pois não fiz estudos regulares, ou seja, no meu tempo de estudos línguas estrangeiras não eram obrigatórias. Havia outras matérias, mas não se estudava língua estrangeira. Daí a dificuldade é grande, pois estou começando literalmente do zero.
Entrar na Faculdade sempre foi um de meus sonhos. Este ano pude realizar este sonho e de certa forma estou feliz. Eu sabia das dificuldades, mas não o grau e a extensão delas. Entrar na Faculdade... Fazer parte de apenas 5% dos brasileiros que conseguem esta proeza. Conhecer o ambiente, os professores, os colegas e mergulhar no conhecimento, participar da vida acadêmica, dar opiniões, sugestões e ser chamado de “universitário”. Tudo isto eu já consegui em tão pouco tempo, mas esqueci de perguntar ao meu corpo o que ele está achando de tudo isto. O que será que ele está achando? Pelo seu cansaço inicial, pelo seu abatimento, com certeza ele não está gostando nada e não está agüentando a carga, as exigências. Mas vou conversar mais um pouco com ele e tentar chegar a um acordo. Se a gente não se entender, a última palavra será dele e eu terei que abortar o meu sonho e cuidar melhor dele, do meu corpo, afinal já estou com 56 anos. Entrar na Faculdade é maravilhoso, incrível, mas não é tudo. Posso viver e até escrever sem ter que me sacrificar tanto. Afinal de contas, a vida é mais importante do que tudo. E é dela e da saúde que eu tenho que cuidar em primeiro lugar. Mas isto não quer dizer que vou desistir. Nota. Um mês após escrever este texto eu tranquei a minha matrícula. A vida e a saúde valem mais do que qualquer graduação, sem falar no preço abusivo das mensalidades.
No primeiro dia de aula me perguntaram por que eu escolhi Letras. Eu disse que é porque gosto muito de ler, escrever e já trabalho na Educação, portanto tenho contato com muitos professores e eles, de certa forma, me incentivaram e influenciaram na minha escolha. Resposta simples, mas não convincente. Na verdade, nem eu me convenci da resposta. Mas foi o melhor que eu pude dizer. Passadas apenas duas semanas de aulas, eu já começo a sentir os efeitos, e a realidade já começa a pesar. Trabalhar e estudar, até para pessoas mais jovens, é difícil e desgastante. Não dormir quase nada à noite, ler e fazer atividades nos finais de semana, tentar acompanhar as aulas cada vez mais dinâmicas e estudar Inglês, matéria que eu nunca estudei, pois não fiz estudos regulares, ou seja, no meu tempo de estudos línguas estrangeiras não eram obrigatórias. Havia outras matérias, mas não se estudava língua estrangeira. Daí a dificuldade é grande, pois estou começando literalmente do zero.
Entrar na Faculdade sempre foi um de meus sonhos. Este ano pude realizar este sonho e de certa forma estou feliz. Eu sabia das dificuldades, mas não o grau e a extensão delas. Entrar na Faculdade... Fazer parte de apenas 5% dos brasileiros que conseguem esta proeza. Conhecer o ambiente, os professores, os colegas e mergulhar no conhecimento, participar da vida acadêmica, dar opiniões, sugestões e ser chamado de “universitário”. Tudo isto eu já consegui em tão pouco tempo, mas esqueci de perguntar ao meu corpo o que ele está achando de tudo isto. O que será que ele está achando? Pelo seu cansaço inicial, pelo seu abatimento, com certeza ele não está gostando nada e não está agüentando a carga, as exigências. Mas vou conversar mais um pouco com ele e tentar chegar a um acordo. Se a gente não se entender, a última palavra será dele e eu terei que abortar o meu sonho e cuidar melhor dele, do meu corpo, afinal já estou com 56 anos. Entrar na Faculdade é maravilhoso, incrível, mas não é tudo. Posso viver e até escrever sem ter que me sacrificar tanto. Afinal de contas, a vida é mais importante do que tudo. E é dela e da saúde que eu tenho que cuidar em primeiro lugar. Mas isto não quer dizer que vou desistir. Nota. Um mês após escrever este texto eu tranquei a minha matrícula. A vida e a saúde valem mais do que qualquer graduação, sem falar no preço abusivo das mensalidades.
Cícero Alvernaz, 56, aluno do Curso de Letras na Faculdade Maria Imaculada e Membro da Academia Guaçuana de Letras.
Mogi Guaçu, 19 de fevereiro de 2011.
Mogi Guaçu, 19 de fevereiro de 2011.
Comentários