VIDA NA ROÇA
Sou do tempo em que a gente se sentava
num banco de madeira ou mesmo num tamborete.
A luz vinha de uma lamparina a querosene
que pouco iluminava e poluía o ambiente.
Sou do tempo da cisterna, da cacimba,
do poço ou da bica d'água.
O banheiro (quando tinha) era uma casinha com um buraco,
e as portas do quarto eram uma cortina.
Sou do tempo que o fogão era de lenha
e custava pro fogo pegar, tinha sempre que assoprar,
tinha até que abanar para a chama se alastrar.
Sou do tempo do pilão em que a gente socava café e arroz.
Sou do tempo que o pai chamava o filho pra ir ir pra roça.
O pai levantava de madrugada preparava a sua enxada
antes do sol nascer.
E o filho ia junto falando o mesmo assunto,
andando do mesmo jeito.
Sou do tempo da humildade, diferente da cidade,
tempo de simplicidade, tempo de mais bondade
e também de lealdade.
Sou do tempo que a vida era pura
e que cada criatura tinha mais educação.
Sou do tempo que a casa era palhoça,
nasci e vivi na roça com meu pai e meus irmãos.
Cícero Alvernaz (autor) 17-04-2017

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