O ANO PASSADO NÃO PASSOU
O ano novo chegou. É isto que dizem os calendários em seus diferentes tons e formatos vários anunciando aos quatros cantos que já estamos em 2017. Apesar deste apelo, ainda sentimos o cheiro e a presença do ano passado.
Os aumentos - alguns até abusivos - as contas a pagar, e algumas decepções, ainda estão presentes herdadas que foram do ano que recentemente se acabou. Fica difícil encerrar e esquecer 2016, pois quando menos esperamos ele aparece de alguma forma e nos toca com o seu ar de morto-vivo. Isto nos deixa entre divididos e assustados, mas é um fato: não temos como negar a sua presença.
Sempre quando penso nestas coisas me vem à mente um poema do meu poeta preferido e meu patrono na Academia Guaçuana de Letras, Carlos Drummond de Andrade. No poema "O ano passado", eis o que ele escreveu: "O ano passado não passou,/ continua incessantemente./ Em vão marcos novos encontros./ Todos são encontros passados./ As ruas, sempre do ano passado / e as pessoas também as mesmas / com iguais gestos e falas. / O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer / de sol pleno, de descambar /como no repetidíssimo ano passado./ Embora sepultos, os mortos do ano passado/sepultam-se todos os dias./ Escuto os medos, conto as libélulas,/ mastigo o pão do ano passado./ E sempre será assim daqui por diante: / Não consigo evacuar o ano passado".
Analisando bem, o ano passado não passou. Fizemos festas com muito barulho e fogos para receber o ano novo. Muito dinheiro foi gasto, mas na prática, continuamos convivendo com os fantasmas do ano passado. O inicio de um ano, na verdade, é cheio de expectativas e nos convida a reflexões - principalmente quando há mudança de governo. Isto é um fato inegável, e muitos aproveitam para vender a ideia de que um novo ano significa vida nova, vida melhor. E outros fazem votos e promessas nessa época, mas depois se esquecem, pois percebem que tudo continua igual ou até pior. E tem a "indústria" das previsões com os videntes de plantão ocupando os meios de comunicação com suas previsões mais obvias e mais "previsíveis" que chegam a arrancar algumas gargalhadas. E por aí vai... E tem gente que assiste essas coisas, acredita e até se emociona! Esses videntes são os herdeiros intelectuais do famoso Nostradamus que estão espalhados por aí à caça de fama e dinheiro explorando a boa fé de milhões de incautos.
E vivemos nessa busca, nessa luta acreditando e renovando as esperanças em todo inicio de ano. Os fogos de artifício, os abraços, os votos de feliz ano novo fazem parte desta festa e marcam o momento. Tudo isto é válido e às vezes até mexe com o emocional da gente, mas não devemos nos esquecer dos compromissos assumidos no ano passado que estão pendentes e sempre presentes. Afinal, na verdade o ano passado não passou, pois a vida continua e ela é a soma de todos os anos, bem ou mal vividos.
Para finalizar, vamos relembrar as palavras do nosso grande poeta: "E sempre será assim daqui por diante: Não consigo evacuar o ano passado". (Carlos Drummond de Andrade).
O ano novo chegou. É isto que dizem os calendários em seus diferentes tons e formatos vários anunciando aos quatros cantos que já estamos em 2017. Apesar deste apelo, ainda sentimos o cheiro e a presença do ano passado.
Os aumentos - alguns até abusivos - as contas a pagar, e algumas decepções, ainda estão presentes herdadas que foram do ano que recentemente se acabou. Fica difícil encerrar e esquecer 2016, pois quando menos esperamos ele aparece de alguma forma e nos toca com o seu ar de morto-vivo. Isto nos deixa entre divididos e assustados, mas é um fato: não temos como negar a sua presença.
Sempre quando penso nestas coisas me vem à mente um poema do meu poeta preferido e meu patrono na Academia Guaçuana de Letras, Carlos Drummond de Andrade. No poema "O ano passado", eis o que ele escreveu: "O ano passado não passou,/ continua incessantemente./ Em vão marcos novos encontros./ Todos são encontros passados./ As ruas, sempre do ano passado / e as pessoas também as mesmas / com iguais gestos e falas. / O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer / de sol pleno, de descambar /como no repetidíssimo ano passado./ Embora sepultos, os mortos do ano passado/sepultam-se todos os dias./ Escuto os medos, conto as libélulas,/ mastigo o pão do ano passado./ E sempre será assim daqui por diante: / Não consigo evacuar o ano passado".
Analisando bem, o ano passado não passou. Fizemos festas com muito barulho e fogos para receber o ano novo. Muito dinheiro foi gasto, mas na prática, continuamos convivendo com os fantasmas do ano passado. O inicio de um ano, na verdade, é cheio de expectativas e nos convida a reflexões - principalmente quando há mudança de governo. Isto é um fato inegável, e muitos aproveitam para vender a ideia de que um novo ano significa vida nova, vida melhor. E outros fazem votos e promessas nessa época, mas depois se esquecem, pois percebem que tudo continua igual ou até pior. E tem a "indústria" das previsões com os videntes de plantão ocupando os meios de comunicação com suas previsões mais obvias e mais "previsíveis" que chegam a arrancar algumas gargalhadas. E por aí vai... E tem gente que assiste essas coisas, acredita e até se emociona! Esses videntes são os herdeiros intelectuais do famoso Nostradamus que estão espalhados por aí à caça de fama e dinheiro explorando a boa fé de milhões de incautos.
E vivemos nessa busca, nessa luta acreditando e renovando as esperanças em todo inicio de ano. Os fogos de artifício, os abraços, os votos de feliz ano novo fazem parte desta festa e marcam o momento. Tudo isto é válido e às vezes até mexe com o emocional da gente, mas não devemos nos esquecer dos compromissos assumidos no ano passado que estão pendentes e sempre presentes. Afinal, na verdade o ano passado não passou, pois a vida continua e ela é a soma de todos os anos, bem ou mal vividos.
Para finalizar, vamos relembrar as palavras do nosso grande poeta: "E sempre será assim daqui por diante: Não consigo evacuar o ano passado". (Carlos Drummond de Andrade).
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