ELA BATEU Á MINHA PORTA
Ela bateu à minha porta,
vinha cansada e com frio.
Ouvi a batida sem força,
senti o seu arrepio.
Ela bateu insistente,
como quem chega da rua.
Como quem corre de medo
e seu medo continua.
Ela bateu, eu ouvi,
era noite de inverno.
Eu estava agasalhado,
pois sou um homem moderno.
Eu estava confortável,
estava perto da lareira.
Bem aquecido, alegre,
ali bem ao pé da fogueira.
Eu estava bem feliz,
bem tranquilo, descansado.
Mas eu ouvi a batida,
no entanto fiquei sossegado.
Ela bateu á minha porta,
vinha da rua, do mundo.
Eu ouvi sua batida,
mas não me mexi um segundo.
Pensei que ela fosse embora,
e que enfim desistisse.
No entanto insistia
pedindo pra que eu abrisse.
Levantei sem muita pressa,
peguei no trinco, abri.
Estava frio lá fora,
e eu quase desisti.
Então chorei comovido
ao deparar-me co'a cena:
Ela caída na porta,
tive dó e tive pena.
Cícero Alvernaz (autor) 30-03-2016.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL