BANDO DE COVARDES
Eu ia me deitar,
mas resolvi escrever.
Mas... escrever sobre o que?
Escrever qualquer coisa
ou uma coisa qualquer,
falar da chuva, falar de mulher,
falar do Natal, etc. e tal,
falar do bem sem ignorar o mal,
falar do fulano de tal,
dizer que o País vai mal,
mas logo chega o Carnaval
e tudo fica bom, tudo melhora,
pois o povo ignora
a nossa triste realidade
e troca alguns dias de dança
num Bloco em Salvador
por uma crise sem fim,
e se vê anestesiado assim
como quem apanhou
e não sentiu nenhuma dor.

Eu ia me deitar,
mas resolvi escrever,
me mantive acordado pra dizer
que este mundo é mesmo assim:
não é bom e nem ruim,
é do jeito que o fazemos,
é do jeito que queremos,
pois nós nos acomodamos
e sempre nos mesmos votamos.
Somos masoquistas, somos fatalistas,
somos anarquistas, somos socialistas,
mas, sobretudo, somos
massa de manobra
e creio que ninguém sobra
e ninguém escapa.
Dou minha cara a tapa
se eu estiver mentindo,
a gente vive fingindo,
mas no fundo somos todos
sem exceção, sem alarde,
um bando de covardes.

Cícero Alvernaz (autor) 25-12-2015.

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