Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.
Aqui o tempo não passa, Não há pressa, não há nada. João Feitor vem devagar Surgindo na curva da estrada. Até o sol é medroso, Não é frio nem é quente, Vem brincando com as nuvens E mal aquece a gente. Tanta coisa posso ver Compondo o rude cenário, Preso em uma gaiola Canta triste um canário. De longe vem a menina Com a lata na cabeça. A tarde segue sem pressa Sem que nada aconteça. Eu vejo uma enxada! Cadê o trabalhador? Ele se foi à cidade A procura de um amor. Tudo segue sempre assim: Não é bom e nem é mal. É a vida que se vive Aqui na zona rural.
Passarinho morto – As asas quebradas, O bico aberto Sem canto, sem voz... Jogado no asfalto Sem vida, sem pressa – Ainda há pouco Voava veloz. Passarinho morto Não ouve meu pranto, Mas ouço seu canto Baixinho no vento. A linda paisagem Lhe faz homenagem: Suspira, soluça, Com triste lamento.
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