Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. Água canta na torneira Sua líquida canção. Lava, lava, lavadeira, Sem descanso, sem razão. Sua história verdadeira Escreve-se com sabão. Água canta na torneira Sua líquida canção, Lava, lava, lavadeira, Com a alma, com a mão. A manhã é transparente, Brilha o sol com seu calor. Tanto sonho de repente Misturado com suor. Lava, lava, lavadeira, Sua roupa-ganha-pão, Você tem a vida inteira, Pra cumprir sua missão.
Aqui o tempo não passa, Não há pressa, não há nada. João Feitor vem devagar Surgindo na curva da estrada. Até o sol é medroso, Não é frio nem é quente, Vem brincando com as nuvens E mal aquece a gente. Tanta coisa posso ver Compondo o rude cenário, Preso em uma gaiola Canta triste um canário. De longe vem a menina Com a lata na cabeça. A tarde segue sem pressa Sem que nada aconteça. Eu vejo uma enxada! Cadê o trabalhador? Ele se foi à cidade A procura de um amor. Tudo segue sempre assim: Não é bom e nem é mal. É a vida que se vive Aqui na zona rural.
BIBLIOTECA Tudo está desarrumado, livros jogados, empilhados, mas é uma Biblioteca! Eu vejo livros no chão, sobre mesas e cadeiras, percebo muita sujeira e dói o meu coração. Um cheiro insuportável, cheiro de mofo, de insetos, mas é uma Biblioteca! Um local tão sujo, escuro, dá até medo de entrar, aqui não consigo ficar, credo em cruz, eu esconjuro. Acho que ninguém mais lê, ninguém mais se interessa, mas é uma Biblioteca! É a fonte do saber, mas aqui é esquisito, parece um lugar maldito, dá vontade de correr. Cícero Alvernaz (autor) 29-01-2016. *Escrito em solidariedade ás bibliotecas abandonadas, obviamente por falta de mantenedores, leitores e de pesquisadores.
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