VIAJANDO SOZINHO
Devido as circunstâncias, eu sempre viajei sozinho. É claro que tinha mais gente no ônibus ou no trem, mas eu não tinha ninguém comigo. É uma experiência interessante olhar para a cara das pessoas e não reconhecer ninguém e ficar imaginando que as pessoas estão pensando e sentindo a mesma coisa. Vejo outras pessoas igualmente solitárias, mas vejo casais, com ou sem filhos, que também estão na mesma condução. Penso em alguém que poderia estar comigo, imagino como seria essa companhia, mas depois caio na real e assumo que estou literalmente sozinho. Tento não pensar nessa possibilidade, tento pensar em outras coisas, uma emoção chata aparece e os olhos começam a umedecer e ficar quentes. Imagino que eu poderia estar acompanhado de alguém especial, alguém que eu amo e que pudesse me emprestar o seu ombro, mas isto é só um pensamento bobo, pois afinal estou sozinho e, provavelmente, ninguém está pensando em mim e muito menos me amando. Enquanto a condução avança noite a dentro eu continuo sozinho na minha poltrona tentando pensar em algo mais plausível, em alguma coisa possível. Fecho os olhos e imagino o meu mundo, um mundo só meu, de solidão, emoção, salpicado de versos em que o amor se limita ao balanço do ônibus e uma luzinha que alguém acendeu e que me diz que há sempre uma luz, mesmo quando tudo parece escuro e sem esperança. Me pergunto então, cheio de emoção: por onde andará o meu amor? onde estará aquela que eu tanto amo? (11-08-2017)

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