OBREIRO ESFORÇADO
Eu passo e me vou,
eu abraço e não mais estou,
eu me desfaço na poeira,
me perco na praça,
me dissolvo na fumaça
de forma trágica
como se fosse uma mágica,
um conto, uma história,
um momento sem memória,
sem palpite, sem desejo,
sem contato e sem beijo,
sem rastro e sem presença,
sem carinho e sem crença,
apenas uma lembrança,
um sorriso de criança
que voou, se foi ao vento,
se perdeu por um momento
e ninguém pôde reter.
Uma flor, uma comédia,
uma fruta, um brinquedo,
passar a noite sem medo,
enfrentar o desafio.


Eu passo e me vou,
ninguém de mim sente falta,
pois sei que nada restou
do tempo que aqui passei,
o que fiz, o que falei,
o muito que trabalhei,
contribuí e chorei.
Tudo, porém, foi marcado
e está bem registrado
em algum livro no céu.
Sei que nada foi em vão,
eu abri meu coração,
fui obreiro esforçado,
na Seara ocupado,
fui humilde, fui fiel.
Cícero Alvernaz (autor) 24-10-2016.

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