POEMA DA LAVADEIRA

SONHOS E ADJACÊNCIAS
Entre sonhos e adjacências permeiam meus pensamentos
com as suas consequências e as suas muitas alternâncias.
Tangido pelas circunstâncias me envolvo e me dissolvo
no tempo que me olha e zomba de mim.

Sou um visionário, um perdulário dentro da vida
e muitas vezes tento me entender ao som do dia
e busco no ar alguma poesia, mas ela se esconde.
Faço meia volta e prossigo sem pressa e sem saber
o que procuro, mas querendo algo encontrar.

Entre sonhos e adjacências paro e me estaciono sozinho
no abandono da tarde. Olho o céu e sinto que ele
também me olha, e isto me dá uma sensação
e a quase certeza de que alguém vela por mim.

Me sento e rabisco algo numa folha de papel,
de novo olho o céu já com algumas nuvens a passar
bem devagar... encobrindo o sol.
Olho a folha de papel e posso ler o que há pouco escrevi:
"entre sonhos e adjacências a vida me sorri
e eu não me sinto mais tão sozinho no centro deste mundo
que é tão grande e ao mesmo tempo cabe no meu peito".

Um poema! eis que escrevi algo que desejo compartilhar,
pois a vida é isto: a produção de algo,
o compartilhamento de um sonho
e a realidade que vivenciamos no nosso dia a dia.

Cícero Alvernaz (autor)