MEU LEGADO
Quando eu morrer, vou deixar um monte de trem aí,
não sei pra quem e nem pra que.
Vou deixar esquisitices, tolices e até sandices,
mas sempre terá alguém que vai ler
e, quem sabe, até vai gostar.
São pensamentos, ideias, versos, ensaios,
reflexões, textos, artigos e divagações.

Nasci poeta, louco, gênio,
mas nunca ganhei nenhum prêmio
pela minha genialidade.
Ganhei, sim, leitores, invasores, fãs,
críticos, adversários, templários, perdulários,
inventários, salafrários e leitores vários.

Eu me vou, mas vou me vingar
através de meus escritos, publicados ou manuscritos,
alguns esquisitos sem eira nem beira
rolando na esteira da vida, do tempo.
Quando eu morrer, na verdade, vou continuar escrevendo,
falando e atazanando muita gente. 

Afinal, é uma gama de escritos que parece não ter fim.
Milhares de peças empilhadas e amassadas,
ou bem catalogadas que serão lidas ou jogadas,
destruídas ou queimadas,
mas que jamais poderão ser ignoradas.
Tudo isto que será deixado,
será a minha herança, o meu legado.
Cícero Alvernaz (autor) 23-05-2016.

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