POEMA MELOSO

Vontade de fazer um poema meloso,
que muitos certamente iriam curtir,
mas a vontade vem e passa.
Prefiro algo mais obscuro
onde eu me sinta mais seguro.
Não gosto de oba oba.
Sou uma criatura boba
dessas que sobem em árvores
e mastigam balas na rua.
Levei mais de dez anos
para usar meus primeiros sapatos
e quando os coloquei
meu pés pés arderam muito
e então eu quis tirá-los,
mas minha irmã mais velha não deixou.

Eu só usava camisa pra fora da calça
por algum motivo que eu prefiro não dizer.
Adorava correr em volta da casa,
parecia um pássaro sem asa
e muitas vezes tentei voar,
mas, obviamente, não consegui.
E assim fui crescendo, sem eira nem beira,

e herdei de meu pai este jeito meio sem jeito
de olhar e de falar,
e isto me confere uma boa dose 
de mistério, de carinho,
e algumas provocações.
São tantas as emoções!

Vontade de escrever um poema meloso,
que muitos certamente iriam curtir,
mas prefiro parar por aqui.

Cícero Alvernaz (autor), 21-05-2014.

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