CAÇAROLA

Eu gostava muito de caçarola. Quando eu era adolescente eu ia na rua e comprava um pedaço pra mim. A caçarola era uma delícia, eu queria mais, mas o dinheiro só dava pra comprar uma. Eu ia na venda do Zé Teixeira e ele já sabia o que eu queria. O dinheiro era curto, como se dizia, mas dava pra comprar pelo menos o essencial. Eu hoje fico pensando como era aquela vida. Às vezes tenho dinheiro pra comprar um monte de caçarola, mas não tem mais caçarola igual aquela. Hoje se chama pudim e tem também o manjar, mas eu quero é a caçarola da venda do Zé Teixeira lá de São Pedro do Avaí, no interior de Minas. Isto faz muito tempo, mas ainda sinto o gosto da caçarola na boca. Aquele tempo se passou, mas as lembranças e os desejos ainda existem na vida de um menino que não existe mais. Tempo passado, amarrotado pelo tempo, mas que ainda sobrevive no gosto tão gostoso da deliciosa caçarola que ainda adoça os meus dias. (07-08-2020)

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