*BASEADO EM FATOS REAIS
Passei despercebido, entrei sem ser visto, sem ser reconhecido e saí sem ter me despedido. Como um cão que entra e depois deita no chão ou faz xixi em algum lugar eu entrei sem ninguém me saudar, sem sequer me perceber. Se eu tivesse roubado alguma coisa ninguém ia sentir falta, pois não iam ver e jamais iam me prender. Entrei porque a porta estava aberta e o guarda se descuidou. Entrei, andei, olhei, comi, bebi, sentei, falei. mas ninguém me viu nem me ouviu. Um ilustre desconhecido, um estranho no ninho , um jornalista sem lista, sem máquina fotográfica, sem papel para escrever e sem caneta. Entrei como um xereta, invasivamente. Tentei cumprimentar alguém, tentei até sorrir demonstrando simpatia, mas ninguém me viu como se eu estivesse invisível, como se eu fosse uma miragem, ou uma sombra que nem sequer assombra. Quando saí pensei: o que eu fiz aqui? Como um cão sarnento fiquei ao relento longe da minha casa. Depois pensei: eu entrei, mas não fui visto porque aqui não é o meu lugar. Aqui é lugar de gente graúda, gente pós graduada que não liga pra nada e não dá a mínima para um ser humano comum. Me senti pior do que uma folha seca, mas aprendi a lição. Nesse lugar tem muita gente, mas aqui ninguém tem coração. (25-09-2019)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POEMA DA LAVADEIRA

ZONA RURAL

PASSARINHO MORTO