LONGA MADRUGADA
Casas velhas, carcomidas,
perdidas no tempo, sem vida,
rua escura que se perde,
e de noite não se vê,
nem sequer um vagalume
iluminando essa noite...
Noite densa, negra noite,
cheia de vultos, fantasmas,
se esgueirando pelos muros
procurando outras sombras,
outros muros, outros vultos,
desejando outras vidas,
procurando outras almas,
margeando a estrada
nas cores da madrugada,
nos cantos, nos desencantos,
enquanto dorme o homem,
enquanto chora o menino,
enquanto a vida respira,
enquanto a mulher suspira
no seu velho travesseiro,
no seu sonho sem carinho,
no seu secreto abandono,
no abismo de seu sono
em completa escuridão,
afundada em seu colchão
que não suporta o seu peso,
mas não tem outra opção.
Tudo vaga e divaga,
na madrugada projeta
versos que saltam do nada
da cabeça de um poeta.
Enquanto os fantasmas tecem
sua longa madrugada
novo dia se aproxima
nas asas da alvorada.
Cícero Alvernaz (autor)
14-07-2017.

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