POEMA DA LAVADEIRA

GANDULA

Sempre quando vou ao estádio gosto de observar o gandula e percebo a importância dele através de seus movimentos e de sua presteza enquanto transcorre uma partida de futebol. De tanto observa-lo acabei fazendo uma analogia entre ele e eu, entre ele e você e entre ele e nós. O gandula tem uma visão privilegiada e uma participação que pode ser pouco notada, mas é de extrema importância. A bola sai muito pra fora das quatro linhas e eu fico imaginando se não tivesse essa figura esperta e atenta como seria um jogo de futebol. Quando um jogador dá um chutão pra fora do campo e até mesmo pra fora do estádio geralmente a torcida grita: "Bola pro mato que o jogo é de campeonato!". E lá vai o gandula procurar e pegar a bola para devolve-la aos jogadores. Às vezes ela cai na arquibancada e a torcida nem sempre quer devolve-la e existem alguns casos em que ela vai até mesmo pra rua. Mas o que mais me chama a atenção é quando o gandula segura a bola para retardar o jogo propositadamente. Aí a torcida grita, xinga, ameaça e o árbitro, geralmente, expulsa o gandula. Vida de gandula não é tão simples quanto parece! E toda essa correria e loucura para ganhar 50 reais. Pensando bem, todos nós, de alguma forma, somos gandulas nesse grande estádio que é o mundo. (30-06-2017)