SONHO REAL
O deixado ficou de lado,
o parado não avançou o sinal,
o som dominou a rua,
a luz invadiu o dia,
o lírio cresceu no vale,
o homem esperou o trem,
o rio seguiu seu trajeto,
o lado ficou de lado,
o risco sulcou a terra,
o livro se abriu sorrindo,
o dia ficou mais lindo,
o barco partiu sem destino,
de longe o meigo menino
seguiu o barco sorrindo.
O arco armou a flecha,
o verso amou o poeta,
o carro ligou a seta,
o vidro se estilhaçou,
o louco na ponte parou,
olhou, porém, não pulou,
a cerca cercou a terra,
o vento subiu a serra,
o mar desmaiou na praia,
o fardo ficou mais leve,
o longo ficou mais breve,
o vulto sumiu na curva,
a mão se encaixou na luva,
a água ficou mais turva.
O leite foi esguichado,
o deixado ficou de lado,
o parado não avançou o sinal,
o som dominou a rua,
a luta do bem continua,
o barco no mar flutua,
o cesto se encheu de frutas,
o riso encheu a tarde,
o sonho se fez real,
a vida se fez banal,
a festa invadiu a noite,
o amor foi de madrugada,
o lenço enxugou o rosto,
o homem se fez criança
e o mundo se encheu de esperança.
Cícero Alvernaz (autor) 09-04-2016.

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