PUTREFATO
Restou o riso sem graça,
o resto putrefato no sapato
cansado de pisar em tudo
sem o cuidado de escolher
aonde ir, onde pisar.
Ficou a saliva, a ogiva,
o rastro e o rosto
pragmático, enigmático,
sem palavras e sem gosto
em meio a treva.
Sobrou um resto de tinta
na lata amassada,
mal tampada e mal vista.
Restou a pergunta sem resposta
na face do artista.
Por fim, chegou a morte,
mas desistiu de levar
o que restou pro seu transporte,
e dentro da noite uma canção
algum louco cantou.
Cícero Alvernaz (autor), 21-09-2015.

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