AINDA BEM QUE ESTOU VIVO
Já comprei coisa estragada,
já caminhei por onde não havia estrada,
já dancei sozinho no escuro,
já comi arroz duro,
já lambi o prato,
já corri com medo de briga,
já me apaixonei de verdade,
já levantei tarde,
já caí da escada,
já atravessei rio na pinguela,
já desfilei numa passarela,
já fiquei sem palavras,
já falei sem ter assunto,
já cantei em igreja,
já discuti com religioso,
já admirei político,
já fui extremamente crítico,
já brinquei de esconde-esconde,
já me perdi na cidade,
já beijei sem ter vontade,
já fiz algumas maldades,
já encerei o chão,
já tapei buraco com a mão,
já nadei em rio,
já tremi de frio,
já empurrei carroça,
já morei na roça,
já cuspi no chão,
já destruí alçapão,
já corri de vaca,
já finquei estaca,
já mordi semente,
já quebrei o dente,
já fiz de tudo um pouco,
já me comportei como um louco,
já me senti nocivo -
ainda bem que estou vivo.

Cícero Alvernaz (autor), 16-05-2015.



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