CADEIRA DO DENTISTA

Na verdade, não é uma cadeira: é mais um local onde se deita e aproveita o momento para refletir, é como se fosse um divã. Mas também não é isto. É um local de sofrimento antecipado, sofrimento mais psicológico do que físico. Nesta cadeira, a gente descobre o que realmente é ser paciente. Paciente, concentrado e disposto a fazer o que o doutor pedir. Não conheço cadeira mais dura e mais incômoda. Tem que relaxar, mas quem consegue? Fechar os olhos e imaginar algo bom, se sentir distante num lugar bem arborizado, lindo e perfumado... Mas isto é impossível, pois a posição e a situação incômoda não permite. A primeira vez que fiz tratamento dentário, eu tinha uns 13 anos, quando terminou o tratamento, o dentista, Dr Alcindo, me perguntou: do que você mais gostou? Eu respondi (com ironia): do motorzinho. Foi a primeira vez na vida que eu disse uma frase irônica, e não parei mais. Não é fácil fazer tratamento dentário. Pior é quando o dentista fica conversando com a gente e ainda faz perguntas que, obviamente, a gente não pode responder. Aí é o fim.

Cícero Alvernaz (autor), 28-07-2014.

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