AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA AMIZADE FALSA


                        “Eu era apenas um adolescente quando fui apresentado a ele. No começo o achei meio estranho, mas pouco tempo depois já éramos bons amigos e chegávamos até a nos confidenciar algumas coisas, assuntos de adolescentes Assim sendo, a nossa amizade foi crescendo e nos tornamos íntimos, cúmplices e confidentes. Com o passar do tempo eu descobri que já não podia mais viver sem ele. Sentia falta da sua presença, enfim, não podia mais viver sem o meu grande amigo de quem me tornei um dependente. A nossa vida estava intimamente ligada através do elo da amizade.
                        O meu amigo cresceu comigo e eu o levava às festas, passeios, viagens e até à escola eu o levava. Brincava com ele e ele brincava comigo como dois bons amigos; éramos quase irmãos. Algumas pessoas, não sei por qual razão, às vezes falavam comigo que ele não era uma boa companhia, que era perigoso e falso. Eu, é claro, não acreditava, pelo contrário estava cada dia mais afeiçoado a ele e não entendia o porquê daquela implicância com alguém tão bom, tão sincero e tão fiel. Ignorei a todos e investi naquela amizade que para mim representava quase tudo.
                        O tempo passou e aos poucos fui descobrindo que as coisas não eram exatamente como eu pensava. Fiquei sabendo de coisas que me magoaram muito e eu próprio comecei a desconfiar da sinceridade do meu amigo. Me senti traído, mas ele continuava comigo, pois infelizmente eu não podia mais viver sem ele. Eu era um dependente e paradoxalmente eu só sentia paz e calma quando estava com ele. A minha vida virou pelo avesso; eu me sentia torturado sendo dependente de algo que no fundo eu não queria, mas era tão importante para mim quanto o meu próprio fôlego de vida. Pensei nas pessoas que me haviam advertido sobre aquela amizade e me arrependi de não ter ouvido meus pais e meus verdadeiros amigos. Aos poucos fui descambando e me perdendo nos meandros e percebi que aquilo era uma falsa amizade que só me trazia prejuízos e transformava os meus sonhos em terríveis pesadelos.
                        Hoje estou debilitado e condenado a uma morte precoce em função daquela amizade. Fiquei muito doente e hoje estou sobre uma cama, e pelos médicos fui obrigado a abandonar aquela amizade que me parecia tão pura, tão sincera e que infelizmente me deixou assim. Estou corroído pelo câncer e meu estado físico é desesperador. Sou muito jovem para morrer e comigo irão os meus planos e os meus lindos sonhos que eu não consegui realizar. O amigo-cigarro destruiu a minha vida; ele me acenou com seu charme e sua amizade quando eu era apenas um adolescente. Neste momento final gostaria de alertar aos jovens que fujam desta amizade, pois o cigarro é uma droga das mais perigosas e mortais. Procurem amar, obedecer e respeitar os seus pais valorize a sua vida e tenham saúde. Fujam deste “amigo” que na verdade é um grande inimigo que só quer a nossa desgraça, a nossa miséria e por fim a nossa destruição precoce. O cigarro é uma droga que atrai, depois vicia, e por fim mata”. (Observação: Graças a Deus, aos meus pais e aos meus amigos nunca fiz uso de nenhuma droga).

                        Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)
                        Mogi Guaçu, 02 de junho de 2008.

                        

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