A VISITA DA AMIGA ESPERANÇA

A Esperança chegou cheia de sonhos e de planos, mas ninguém entendeu o seu otimismo em face da situação e da triste realidade. Todos se olharam e menearam as cabeças imaginando que ela estivesse louca. Afinal, estamos muito mal e aparece a Esperança querendo nos enganar e nos confundir?  Ninguém lhe deu atenção, mas ela continuou cheia de esperança, de sonhos e de planos.
De repente, todos se olharam de novo e esse olhar era sintomático e revelava o interesse naquele papo que era algo novo e aparentemente interessante. A Esperança falava da possibilidade de viver em paz, de ser feliz e de se ajudar para que todos tivessem o direito de viver melhor. Falava da importância dos sonhos e da luta pela realização dos mesmos. Suas palavras soavam fortes e não revelavam nenhuma dúvida. Todos pararam e ouviram atentamente aquele discurso otimista e animador.
Aos poucos, todos foram entendendo o significado das palavras e já admitiam a possibilidade de transformá-las em realidade. Falavam entre si e se entendiam mais e melhor. Já não estavam tão distantes, já não se cobravam tanto e já se respeitava as diferenças de gostos e de crenças. Era possível, sim, viver bem e se amar. Mas ainda havia dúvidas e alguns ainda não aceitavam aquela mudança brusca e repentina. Alguns voltaram a menear as cabeças enquanto a Esperança continuava falando, tentando provar que, apesar de tudo, é possível ser feliz.
Sem que ninguém percebesse, a Esperança aos poucos foi saindo e quando a procuraram ela já não se encontrava mais ali. Os olhares tristes se perguntaram e se entreolharam enquanto procuravam por todos os cantos pela amiga Esperança. Não a encontraram em nenhum lugar e alguns choraram sentindo sua falta relembrando as suas palavras. Todos então se reuniram e se uniram em torno de uma mesa e discutiram educadamente os novos rumos que deveriam tomar a partir daquele dia. Afinal, muita coisa mudara com a visita da amiga Esperança que literalmente transformou aquele ambiente. A partir daquele dia todos se respeitavam e procuravam se entender, independente das questões e das diferenças. Os planos e os sonhos aos poucos foram se tornando realidade – e viveram, finalmente, cheios de fé, de amor e de Esperança. Entenderam, enfim, que só vivendo assim é que a vida realmente vale a pena.

Cícero Alvernaz (autor) Mogi Guaçu, 03-09-2011.
Membro da Academia Guaçuana de Letras.


Comentários

Unknown disse…
No dia 06 de março/2014,eu tive a honra de ler esta crônica no Encontro Pedagógico da escola onde trabalho. Eu sugeri à coordenadora do encontro e a mesma percebeu que a crônica era condizente com o momento. Depois da leitura, uma das professoras presentes, entre lágrimas, fez um lindo relato. A Esperança foi determinante na realização de um grande sonho da mesma: participar do "Carnaval no Rio de Janeiro". Os sonhos são muito particulares e incontestáveis. Enquanto ela falava, eu a observava atentamente. Disse algo que muitos de nós sabemos: "alguns sonhos não podem ser compartilhados com todas as pessoas", pois, há aquelas que aparecem para somar forças conosco e há aquelas que aparecem para tentar minar as nossas forças. Naquele momento, fui tentada a compartilhar um grande sonho ainda não realizado, porém, considerando as palavras da colega, freei o pensamento e conservei o sonho comigo. Tornando-se real e prático, e havendo lembrança deste episódio, posso voltar ao blog do meu querido poeta e relatar o que eu tenho em mente. No momento só posso dizer que é algo muito bom e plausível.

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