Cícero Alvernaz

A BICICLETA Magra correta sempre quieta a bicicleta é só bondade. Enfrenta tudo, segue, contudo, pela cidade. Para andar é só pedalar se equilibrar e ir em frente. Então ela vai e não se cansa feito criança na sua andança sempre contente. Então eu corro subo o morro desço a serra... Ela prossegue seu rumo segue e nunca erra. Magra correta sempre quieta a bicicleta segue em frente e de repente chega contente ao seu destino. Qual esportista vai o ciclista na bicicleta cumprindo a meta como um menino. Mogi Guaçu, SP, 11-01-2012.

MULHERES BONITAS Mulheres bonitas dormem comigo, passeiam comigo nas noites de insônia, voam comigo, se deitam nas nuvens, comem comigo e bebem meu vinho, falam baixinho seus muitos segredos, depois, bem pertinho, revelam seus medos. Mulheres bonitas tecem a noite, caminham comigo nas ruas desertas, me fazem carinho com mãos tão macias, me beijam no rosto, me deitam no colo, me amam na estrela, me amam no solo sem timidez e sem protocolo. Mulheres bonitas me dão seu sorriso e cantam baixinho a sua canção. Me fazem dormir, depois me acordam, com muito carinho e dedicação. Mulheres bonitas são minha loucura, meu verso, meu sonho, meu canto, meu ninho, porém, quando acordo me vejo sozinho. Mogi Guaçu, SP.

FELIZ ANO NOVO (ACRÓSTICO) Foi-se o ano velho, Estamos no ano novo. Luz e esperança para o povo, Imerso todo em sonhos, Zeloso, feliz e risonho. Abriu-se a porta, Novo caminho se abriu, O amor enfim nos sorriu. No dia a dia do povo Ouve-se risos e cantos, Vozes ecoam ao longe, O mundo espalha encantos. Mogi Guaçu, 01-01-2014.

FELIZ 2014 Janeiro, início do ano. Fevereiro, dizem que é quando realmente começa o ano. Março, estamos a caminho. Abril, já decolamos. Maio, mês das noivas e dos noivos. Junho, neste ano é o mês da Copa. Julho, (Brasil campeão!). Agosto, dizem que é o mês do desgosto. Setembro, começa a Primavera. Outubro, fim de ano chegando... Novembro, se bem me lembro é o mês do meu aniversário. Dezembro, fim de ano, mudou o cenário.

ESCREVENDO E REESCREVENDO Escrever, falar e fazer, compor uma ode ou uma elegia e se lambuzar de poesia, e depois quedar-se cansado. Escrever é olhar o presente, acreditar no futuro e tentar esquecer o passado que vem de vez em quando nos assombrar com os seus fantasmas. Todos pensam, falam, gesticulam cada qual usando a sua linguagem, mas poucos conseguem escrever  e assim materializar o seu pensamento e o seu sentimento. Drummond pensava que as letras eram desenhos e se divertia com elas, depois foi descobrindo que elas eram de verdade e para o que servem, e aí não parou mais de escrever. Por diversas vezes me peguei escrevendo, como sempre faço, sem compromisso e sem a preocupação de agradar o meu eventual leitor. Escrever pressupõe liberdade total para se expressar e criar ou fabricar o seu elefante, como no famoso poema de Drummond. Eu sei que muita gente me lê, mas imagino também que muitas talvez não entendam o que escrevo. Enquanto vida tiver vou semear esta semente len...

CONTRATEMPOS E INTEMPÉRIES Na vida acontecem coisas estranhas e inesperadas. A gente espera tanto de alguém e ás vezes se decepciona, e muitas vezes á acolhido e compreendido por alguém que a gente mal conhece. A gente planta na esperança de colher bons frutos, mas muitas vezes o resultado é pífio. Há dias em que estamos bem e de repente "fecha o tempo" e começa uma discussão tola, boba e isto acaba com o nosso dia. São as variações climáticas, mudanças de expectativas e de perspectivas que azedam a nossa vida e a nossa convivência. Entendo tudo isto como um aprendizado, mas, convenhamos, às vezes dói. Até quando vamos precisar deste aprendizado para, finalmente, não termos mais estes contratempos? A gente voa como palha ao vento e às vezes num momento se esboroa e perde até o rumo. O melhor é absorver e até achar graça de tudo isto, afinal, a vida sempre foi assim - e no novo ano que se inicia deve continuar tudo igual, sujeito a contratempos e intempéries. Mogi Guaçu, 3...

VELHA ESTRADA Mergulho em Minas e revejo suas montanhas e campinas, ouço a passarada ao romper da alvorada, mas nada me dá mais prazer do que rever a velha estrada. Passar por ela é como se eu desfilasse numa passarela, rever à sua margem o capim, correr como criança livre enfim, sorver a brisa mansa, e assim saudar a moça linda da janela. A estradinha de terra que me leva ao alto da serra e me deixa cheio de emoção. Lá em cima quase tudo acontece e de lá eu faço uma prece pedindo a Deus que proteja os meus irmãos. Velha estrada tão amiga onde ouvi soar ternas cantigas que o tempo fez questão de conservar. Eu vi passar ali tantas boiadas buscando alcançar outras estradas sonhando um abrigo encontrar. Mergulho em Minas e bebo suas águas cristalinas na concha da mão como um menino. Percorro a mesma estrada com carinho olhando cada flor - e ali sozinho entrego a Deus a minha vida, meu destino. Mogi Guaçu, SP, 05-01-2006. .