O COMÍCIO DE LULA NO VELÓRIO DE MARISA

            Comício e velório, realmente, são duas coisas distintas, mas quando se trata de política podemos esperar qualquer coisa. Os políticos são mágicos e artistas quando lhes interessa e isto já ficou provado várias vezes. Quando eles querem mentem, inventam, chantageiam, choram e até inventam doenças para não serem presos. Ainda bem que existe um Sérgio Moro que não cai nas bizarrices deles. E Lula é mestre nisto. Já provou várias vezes que adora se fazer de vítima para tentar enganar os menos avisados. E no velório de sua esposa Marisa não foi diferente.
            Velório não é lugar de comício, assim como igreja também não é. Mas quando políticos se juntam tudo se transforma. Já vi muitos comícios em igrejas e até fui desligado de uma após 40 anos de trabalho ininterrupto por ser contra essa prática abominável que hoje tomou conta da maioria das igrejas evangélicas. Mas quando há interesses, leia-se: dinheiro e poder, tudo pode acontecer. Até num velório pode ter comício com a presença de vários políticos simpatizantes e, portanto, interessados nos eventuais dividendos. Tudo é possível quando os interesses falam mais alto, quando se pensa num futuro que pode ser promissor.
            E assim aconteceu como já estava previsto. No velório da dona Marisa, sob os olhares complacentes de vários padres e políticos simpatizantes do PT, o ex-presidente Lula contou a sua história em tom emocionado, falou de seus feitos, de sua infância pobre, de sua biografia. Só não falou do seu atual momento multimilionário e a um passo de ser preso por corrupção e tráfico de influência. Ele, se não estiver preso, será candidato a presidente em 2018. Acredito que, como se trata de Brasil, ele poderá ser candidato, mesmo se estiver preso. Eu, pessoalmente, não acredito na sua prisão por um único motivo: ele é ex-presidente e nós estamos no Brasil. Se fosse em outro País, obviamente, as coisas seriam muito diferentes.
            O Brasil continua o mesmo. A República foi proclamada a 15 de novembro de 1889, mas o nosso País ainda não é republicano. Felizmente, hoje, devido à participação em peso nas redes sociais, muita coisa está mudando, mas já estão querendo tirar essa ferramenta da mão do povo, pois muitos políticos estão se sentindo indignados e são devassados por essa ferramenta democrática e extremamente útil. Através dela pudemos assistir o comício no velório em tempo real e muitos fatos são transmitidos, principalmente via Youtube, onde se encontra de tudo e pode-se comentar, elogiar e criticar abertamente usando o senso crítico e a indignação diante de tudo que está acontecendo em nosso País. Mas eu me pergunto: até quando? Essa resposta só o futuro poderá dar.


Cícero Alvernaz, aposentado e jornalista.

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