Eu escrevo e me leio, me releio, escrevo, reescrevo e me releio. Eu me curto e me admiro, faço parte do meu fã clube, da minha torcida organizada, me dou autógrafo e me elogio narcisisticamente. Gosto de mim, passo horas me vendo, me lendo, me relendo. Ando comigo, não me deixo nem para ir ao banheiro. Sou meu fã de carteirinha, de caderneta e de lapela. Adoro me ler, nem que seja uns versinhos de pé quebrado, como se dizia antigamente. Curto tudo, até os rabiscos e os erros que conscientemente cometo. Eles fazem parte da minha arte; o artista nunca erra: ele comete pequenos equívocos. Eu me admiro, me dispo e me olho curioso e orgulhoso ao ver tanta beleza exposta e digo: que desperdício! Tanta beleza para ninguém pegar, tocar, admirar... Aí eu escrevo de novo, conto minhas aventuras com as letras, me leio, me releio, depois reescrevo e me releio, unicamente por prazer. Um prazer incontido, atrevido, saído das profundezas do meu âmago, das minhas entranhas que eu não vejo, mas admiro. Se alguém quiser me ler, eu deixo. Fiquem a vontade!


Cícero Alvernaz, 25-12-2014.

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