UMA CRÔNICA SOBRE O AMOR
Um
dos mais belos poemas sobre o amor está registrado na 1ª Carta de Paulo aos
Coríntios, no capítulo 13, cujo título diz: “A suprema excelência do amor” -
fazendo-nos ver que o amor é algo supremo e superior como o autor já afirma
logo inicio do poema: “Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e
não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” –
mostrando a importância do amor no contexto da vida. Sem amor, o máximo que o
homem pode fazer é barulho estridente como o metal e o sino, ou seja, pode até
chamar a atenção, mas não tem conteúdo. Sem amor, o homem pode “ter” muito, mas
não pode “ser” nada, pelo menos de acordo com a economia divina.
Este
tema é, sem dúvida, o mais estudado e também o mais comentado e lido, porém é
pouco entendido e pouco praticado no mundo em que vivemos. Escritores tantos e
poetas renomados já tentaram explicar as facetas do amor, mas, pelo que se vê,
pouco avançaram neste tema que é, sobretudo, espiritual, afinal, Deus é amor.
Não há, portanto, uma explicação plausível para o amor. Ele é contraditório,
paradoxal, estranho e esquisito. Ele
contraria todas as idéias e filosofias humanas, vai de encontro aos pensamentos
e esquemas montados pelos homens. Por exemplo: pela lógica humana, primeiro
você recebe para depois dar, na matemática do amor, primeiro você dá e depois
você “não recebe”. Se formos analisar
friamente, ficamos sem nada entender, pois somos ensinados a conquistar, tomar
á força se preciso for e o amor, no entanto, nos manda apenas dar.
A
Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”. (João 3. 16). Dar é a essência do amor sem a preocupação de receber
nada em troca. O
homem, em geral, faz o contrário, faz o caminho inverso e ainda diz que serve a
Deus. Neste contexto humano, há aqueles que roubam, dão prejuízo, agridem, dão
golpe, são velhacos ou caloteiros: (não pagam os outros) e todos, sem exceção,
dizem que servem a Deus. Onde está o amor no meio de tanta incoerência? E o homem se acostuma a agir assim e acaba
achando que isto é normal, é ser esperto, mas na verdade isto é violência, é
pecado. E depois saem por aí dizendo que servem a Deus. E muitos deles são
líderes religiosos em potencial.
O
apóstolo Paulo nos fala de tudo isto no capítulo supracitado: “E ainda que eu
tivesse o dom de profetizar, e ainda que eu distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”. No final do capítulo ele diz:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, mas o maior destes é o
amor”. O amor é maior, mas o homem
prefere viver na sua mesquinharia, mendigando, sobrevivendo com suas migalhas
sem conhecer a Deus e sem desfrutar das riquezas espirituais. O homem se
contenta com pouco e pensa que tem muito, pensa que tem tudo, mas, a exemplo do
homem rico da parábola, um dia ele vai descobrir que nada tem e nunca teve
nada. Aí já será tarde, pois ele estará longe de Deus e já ardendo em chamas,
como a Bíblia categoricamente nos diz.
O
amor é, sobretudo, a prática da vontade de Deus, ainda que não o entendamos e
muitas vezes não concordemos com ele. O amor pode parecer loucura, pois na
verdade é a loucura de Deus materializada. Como entender o amor? Drummond
escreveu: “Amor é dado de graça, /é semeado no vento, /na cachoeira, no
eclipse. /Amor foge a dicionários /e a regulamentos vários”. (Fragmento do poema
As sem-razões do amor). O homem pode cantar este sentimento, mas nunca irá conhecê-lo
se não conhecer primeiramente aquele que é a essência e o principio de tudo:
Deus. Enquanto estamos aqui vamos mergulhar nesta essência, neste poema tão bem
escrito e registrado por Paulo em I aos Coríntios 13, o qual assim diz no
versículo 12: “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face
a face: agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou
conhecido”. Vivamos a cada dia a suprema excelência do amor.
Cícero
Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)
Mogi
Guaçu, 16 de julho de 2011.
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