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VIDA DE GADO Zé Ramalho compôs a música "Vida de gado" nos anos 80, mas a mesma continua atual e ainda serve de estudos para muitos pesquisadores e observadores. É só ler e analisar a letra desta magnífica obra do cantor e compositor nordestino. O refrão diz:"Eh, ôô, vida de gado/ Povo marcado, ê/ Povo feliz". Lendo a letra e pensando na música pensei também na marcação de gado que vi quando eu era criança no interior de Minas. Ficava com dó dos animais que eram marcados a ferro quente e ficava imaginando o sofrimento deles. Depois conheci a música do Zé Ramalho entendi a metáfora, e hoje vejo a realidade do "povo marcado, ê, povo feliz". O povo é feliz, apesar de tudo, pois se contenta com pouco. Muitas vezes um "Bolsa Família" compra a consciência do povo. Não sabe ele, povo, que está sendo marcado com ferro quente e depois irá para o matadouro sem direito a nada. Povo marcado, enganado, anestesiado e comprado numa negociata que envolve o que...
PAPAI NOEL Figura tão imponente, aclamado pelas gentes, herói de tantos natais. É amigo das crianças, para muitos, impostor, mas ele tem seu valor e leva consigo o amor em suas longas andanças. Papai Noel ilusório e sempre contraditório, mas amado e venerado. Ele faz parte da história, sem ele não há Natal, falem bem ou falem mal, neste mundo desigual todos o tem na memória. Desde os tempos de criança sempre tive esperança, sonhei com Papai Noel, mas fiquei decepcionado, me senti tão enganado depois que o conheci. Ele não me atendeu e não deu o que eu pedi. Pedi paz, pedi carinho, mas continuei sozinho e vi o mundo em guerra. Eu nunca pedi presente, nem mesmo prosperidade. Eu, tão ingênua criança, pedi paz e esperança, mas hoje eu vejo a maldade. Cícero Alvernaz (autor), 18-12-2014.
RELÓGIO DE PAREDE Na parede do quarto, da sala e da cozinha contando as horas... É mais que um relógio: é decoração, saudade, história, amor e emoção. O seu tic tac é música lenta que o tempo ouviu. Não para um segundo e sempre trabalha sereno e sutil. Os seus três ponteiros perseguem o tempo e marcam as horas. Assim se comporta e nunca se importa se alguém ri ou chora. O velho relógio tem sua importância, e tem relevância. Na parede do quarto me lembra saudoso os tempos da infância. Cícero Alvernaz (autor), 16-12-2014.
PERNILONGO Ele também é chamado de mosquitinho, mosquito, muriçoca. O nome não interessa, não muda nada. O que conta aqui é a ação deste "musquitin" que tem um "ferrãozin" terrível. Quando ele chega de mansinho e pousa, sem a gente perceber, o mal já está quase feito. De repente ele enfia o seu ferrão e introduz o seu veneno, e ao mesmo tempo ele retira algumas gotas de nosso precioso sangue. Pronto, está feita a desgraça! Em pouco tempo começa a coçar, doer e a inchar, forma vergões em volta e quanto mais coçamos é pior. A gente passa álcool, mas pouco resolve, enquanto não passa o efeito do veneno, não sara. E ás vezes nem dá tempo de sarar e vem outro e aplica uma segunda dose. Eu adoro matar pernilongos, com tapas ou de qualquer outra forma. É a minha vingança. Colocar veneno nem sempre adianta, pois muitos já assimilaram o veneno, e parece que até gostam. O certo é matar mesmo, mas ás vezes é difícil pegá-los. Além dos pernilongos, tem muitos outros "ins...
LABIRINTO As flores murcharam sem aviso, de repente, o que era tão contente se perdeu num labirinto. A tristeza me encontrou num momento de pesar, eu não pude disfarçar, mas hoje melhor eu me sinto. Meus pés saíram do chão, viajei na contramão num caminho muito escuro sem ter como retornar. Os meus sonhos se esvaíram, eu me vi em desatino como se fosse um menino perdido, sem se encontrar. As flores murcharam e perderam seu perfume, nesta hora a gente assume que nada pode fazer. Me achei sobressaltado, muito triste, machucado, fiquei olhando de lado e não pude me conter. Saí andando perdido sem saber onde chegar, lembrei do meu velho lar, de minha mãe e meu pai. Se eu tivesse um espelho veria meu rosto vermelho, este momento de dor da minha mente não sai. Cícero Alvernaz (autor), 13-12-2014.
VIELA Pequena rua estreita sem asfalto e sem luz, que muitos chamam viela, e às vezes caçoam dela, pois ela pouco traduz. Liga uma rua a outra, encurta a distância até, viela em que evito passar, não tenho preguiça de andar, prefiro ir longe a pé. Tenho medo da viela por não ser iluminada, também por não ser asfaltada representando perigo. Dizem que encurta caminho, mas prefiro caminhar a ter que me arriscar e, quem sabe, me perder, nem sempre o caminho mais curto é o que nos dá mais prazer. Na vida tem muitas vielas que nos oferecem vantagem, melhoram a nossa imagem e nos fazem delirar. Oferecem seus prazeres eivados de falsidade, são vielas perigosas, são estradas desastrosas e muitos se perdem, se prendem, pelos antros da cidade. Cícero Alvernaz (autor), 10-12-2014.
O CICLISTA Ele corre, enfrenta a pista, E se vai esperando chegar. Pela vida lá vai o ciclista Pedalando sem nunca cansar. Os problemas que ele enfrenta São motivos pra ele seguir. Sua fé encoraja e sustenta, Não o deixa jamais desistir. Pedalando ele conta os minutos, Pois sorrindo alguém o espera. Ele segue feliz, resoluto, Pedalando a sua magrela. Vai montado levando esperança, Carregado de muita saudade. No seu peito existe a lembrança Da infância na sua cidade. Seu desejo é logo chegar E rever os seus pais e amigos. Só então ele vai descansar São e livre dos muitos perigos. Pois agora está salvo e feliz, E não teme os perigos da pista. Mais parece um menino aprendiz Nosso herói, nosso amigo ciclista. Cícero Alvernaz (autor), 11-12-2014.